sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Frango Zumbi

* Por M. D. Amado

Baseado em fatos reais...

Mônica estava em seu escritório, em casa, concentrada em seu trabalho, quando foi surpreendida por sons bizarros vindos do quintal. Pouca Pilha, Gêmea e Dálmata miavam de forma estranha e gutural (sim, eram gatas, embora seus nomes possam levar a crer que tenham um envolvimento direto com o tráfico de sardinhas em São Gonçalo). Para sua surpresa, um frango assado era disputado pelas três felinas, quase a tapas e arranhões.

Como surgiu aquele frango? De onde? Foi jogado por alguém? Caiu dos céus, talvez vindo da explosão de uma padaria? Alguma entidade não satisfeita com o despacho teria chutado fora da encruza? Mas Mônica morava longe da esquina... Só se fosse um caboclo quarter back, do Dallas Cowboys, por exemplo... Mas era Rio de Janeiro. No muito seria o Pet, dando uma bica no frango... Não, não... Tudo muito confuso.

Fato é que a porrada comia solta no quintal. Pouca Pilha mostrava que seu nome não fazia justiça a ela e atacava com tudo. Gêmea saiu fora da briga ao ver Mônica. Não queria decepcioná-la, embora estivesse com uma puta vontade de comer aquele frango todinho e sozinha. Dálmata quase perdeu as manchas na confusão e eu podia jurar que vi algumas manchas indo e voltando para o corpo do frango.

De repente as duas gatas param de brigar... Olham assustadas para o frango, que se levanta, limpa o corpo, tirando pedaços de grama, ajeita o pescoço (porque cabeça não tinha mais) e sai andando tranquilamente em direção ao portão da casa.

O que aconteceu antes? ...

Fred era um frango como outro qualquer. Era...

Fred morava no quintal de Madame Zulmira, que segundo as más línguas (e as boas também) era metida nas coisas ocultas, mais especificamente com voodoo e magia afro descendente.

Um desses pequenos incidentes que só o destino - aquele velho filho da puta - pode armar, foi responsável por essa pequena e trágica saga de Fred, o frango. Numa brincadeira de criança, o netinho de Dona Zulmira trocou o Sazon, aquele do amor, por um de seus pozinhos mágicos, com o curioso nome de "Levanta Alfredo". Alfredo era o nome carinhoso que Dona Zulmira dava ao falecido do falecido.

Depois de temperado e assado, Fred ergueu-se do forno e com um golpe apenas, derrubou a porta. Saiu correndo, tentando gritar, mas não tinha mais bico. Nem pés... Mas correu assim mesmo. Ah, o que é a força de vontade...

Depois de correr um quarteirão inteiro, Fred foi imbicado por um carro, indo parar no quintal de Monica, que estava em seu escritório, em casa, concentrada em seu trabalho...





Depois de sair pelo portão, Fred seguiu para Ramos...

3 comentários:

  1. Hahaha!
    Parabéns, Amado!
    Impagável! Já estou seguindo o blog!
    Grande abraço!

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  2. Pior é que eu fui testemunha virtual do ocorrido, e posso garantir que os fatos são baseados em histórias reais.kkkkkkkkkkkkkk
    Beijos

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  3. "Levanta Alfredo" que insano, hehe, e como assim testemunha virtual, Dona Georgette? Eu correria para as montanhas com um frango desses.

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