segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Vento

*Por Gerson Balione

Foi assim que tudo começou, com este belo poema ingressei no mundo literário.

O Vento

O vento sopra...
O vento sopra gotículas...
O vento sopra gotículas de saliva de um ignóbil falador
Que esbraveja aos quatro cantos
Com a garganta enrijecida
Pela força exercida ao esbravejar
Lançando gotas perdidas no ar
Um político, um lunático?
Um perturbado mental?
Um religioso maluco?
Ou um tarado, por ter ficado eunuco?

sábado, 10 de abril de 2010

Médico e Monstro?

* por M. D. Amado

Meu nome é Carlos Rodrigo Demóstenes Tertuliano Tepes e sou um vampiro. Mas não sou um vampiro comum, se é que podemos chamar aquelas coisinhas frufruquinhas, de comuns. Não sou elegante, não sou sedutor e nem afeminado. Bonito também não sou, porque isso é coisa de menininha. Eu sou é macho. Muito macho. Inclusive, eu trabalho o dia todo com uma cruz.

Meu rosto se parece mais com daqueles cachorrinhos superdesenvolvidos e por muitas vezes sou confundido com eles, por causa da sobrancelha emendada, que se parece mais com uma taturana gigante, pousada sobre olhos negros e foscos.

Não tenho o costume de atacar a noite. Gosto do dia. Gosto de queimar a pele no Sol e pegar câncer. Não sou branquinho. Tenho a pele curtida e bruta. Nada de creminhos e filtro solar. Eu uso graxa. Outra particularidade de minha pessoa, é que mantenho uma estratégia de ataque que me permite minutos depois, devolver minhas vítimas para suas vidinhas medíocres. Com a velocidade de um super-herói idiota qualquer, consigo atacá-las no cruzamento que fica cerca de cem metros de minha casa. Sou tão rápido, que mesmo à luz do dia, ninguém é capaz de me ver. Após os ataques, na maioria das vezes, poucos minutos depois, ouço as batidas na porta. Alguém pedindo ajuda. E quem vai ajudá-los, já que não existe o Chapolin Colorado? Eu. Irônico, não?

Minutos antes eram minhas vítimas e agora as pego em meus braços. Deito-as no chão frio e começo os procedimentos que lhe colocarão de volta ao seu destino tosco e sem graça. Como médico e monstro, me faço de inocente e converso trivialidades com seus acompanhantes. O jogo do Atrético ou do Framengo... Do Curíntia ou do Inter. Não importa. Enquanto mergulho minhas ex-vítimas numa banheira com aquilo que chamo de água mágica, num banho de redenção e revelações, sorrio ironicamente já pensando no próximo otário.

Tudo pronto. Vítima recuperada, recebo por isso e ofereço um café que ninguém quer tomar. Vejo mais um indo embora...

Não sei se falei, mas eu não chupo sangue. Preciso de ar. Meu nome é Carlão e sou um vampiro borracheiro.